quarta-feira, 7 de abril de 2010

Alfinetada de Consciência

A moda cria nas pessoas o desejo de ser igual a todo mundo, embora as campanhas trabalhem o tempo todo com o querer parecer diferente, status, etc...

Uma pessoa consome uma marca para traduzir o estilo de vida que tenta transparecer (a marca é a chancela).

A moda é um meio de comunicação, um veículo que leva o que é visto no exterior de cada um, o que se passa por dentro de cada cabeça manipulada e programada pra dizer o que é socialmente conveniente.

A “moda” acompanha a existência desde que o homem passou a dividir as coisas que o cerca em certo e errado; assim surgiram as religiões, a política, conceitos de superioridade e inferioridade, enfim, a idéia de um todo foi fragmentada, partida. A partir deste momento o homem passou a enxergar em si um grande vazio, um lugar a ser preenchido sempre, uma meta a ser cumprida, um ideal a ser alcançado. “Eu quero ser mais do que sou! Eu posso ser melhor!”. Uma competitividade com si mesmo e com os demais. Ficou esquecido o conceito de unicidade, de totalidade. O todo passou a ser considerado uma sociedade, ou seja, um lugar onde as pessoas são sócias de um bem comum. A essência humana é perdida nesse pensamento “mecanicista” que passou a ter seu auge após a Revolução Industrial.

O “desejo” de consumo passou a ser despertado, o marketing entrou em ação, e toda a riqueza da existência passou a ser ignorada por completo, obsolescência do que é humano. O homem passou a explorar os bens finitos do planeta tentando ser o que não pode, como se não fosse parte do todo. Tentando o tempo todo criar uma igualdade desigual. Desrespeitando as diferenças, esquecendo o que cada um tem de único, impondo maneiras de vestir, de comportar, de falar, de viver, enfim... Tudo isso para suprir um enorme vazio que passou a existir dentro de cada um. A experiência não tem permitido às pessoas se aceitarem como são.

A massificação de produtos através do bombardeio de propagandas incentivando seu consumo, a velocidade da informação na revolução tecnológica, distanciou cada vez mais o ser de humano.

Todo mundo já tem o suficiente que precisa para viver. As pessoas deixarão de cobiçar por coisas quando preencherem esse vazio, essa doença existencial, se tornarem plenas.


“Você deveria trabalhar não para ser reconhecido, mas porque sente prazer em ser criativo.” (Osho)


Designer é o cara que liga os pontos... Meu intuito é fazer com que o conceito de moda seja entendido como algo além do consumo. Quero que as pessoas veiculem na maneira de ser o que realmente são, com suas falhas e diferenças, e não veiculem o que lhes é imposto, como a parte que lhes completa.

Essa é na verdade a megatendência, resultado do processo de evolução como seres humanos autênticos e únicos.

Usufruímos de tanta tecnologia, tantos recursos, dominamos tantas máquinas, alcançamos o espaço e, no entanto, não chegamos em nossa própria consciência.

É possível que muitos se tornem profissionais de sacadas geniais para solucionar de modo paliativo os problemas da produção em massa. Posso ser uma dessas, mas estarei, ainda assim, fazendo o mesmo que já foi feito durante toda a existência. Estarei inovando no modo de fazer com que as pessoas compensem esse vazio com o sentimento de que não estão agredindo o meio em que vivem, enquanto posso fazê-las sentirem-se plenas e sem vazio, e sem consumo, e sem extração, sem industrialização, sem lixo e conscientes. Aqui enterro o termo de “consciência ambiental”, pois acredito que isso seja puro marketing, chamada publicitária, utopia, mais uma das tantas vistas ao longo da historia.

Certa vez um professor, muito bem conceituado em sua área de atuação, disse que existe solução para todos os problemas do planeta, trata-se apenas de uma questão cultural e política. Essas foram palavras que instantaneamente soaram como entusiasmo para a esperança. Pensamentos de que era possível salvar o mundo, de que ainda há tempo para isso, dominaram por horas. Imaginem que interferir na cultura e na política para tornar uma sociedade ambientalmente consciente seja algo ao alcance. Afinal, como isso tem sido trabalhado fortemente em marketing e essa é uma ferramenta de peso à mão em campanhas eleitorais, talvez a massa aspire em breve esse conceito. Mas os problemas do planeta não podem ser resolvidos sem que os humanos resgatem o sentimento de que são parte dele. Esse é o ponto de mutação que acredito. (Fritjof Capra)

O homem tenta cada vez mais se parecer com uma máquina, é cada vez mais dependente disso, o que o torna cada vez mais previsível. A riqueza material fará com que cada vez se saliente mais a diferença social, levará cada vez mais pessoas à miséria, à roubar, à matar. O estereótipo de felicidade que é vendido torna as pessoas cada vez mais vazias de si.

E, no entanto, estamos em busca de pensar em meios que inovem as coisas que patrocinam tudo isso, enquanto deveríamos buscar entender por quê estamos envolvidos nisso e como podemos solucionar isso. O primeiro passo consiste em focarmos nas questões humanas.

No ponto a que chegamos, será mesmo que o homem precisa de uma cadeira, de uma casa, de um carro que não tenha agredido em quase nada o meio ambiente, elaborado apenas de outros materiais? Deixar de poluir é preciso, mas não é tudo!

É preciso que continuemos vivendo. E preferencialmente sem alimentos manipulados, sem agrotóxicos. Precisamos de ar puro, horas de descanso e atividades que nos tragam o prazer de nos sentirmos vivos e não manipulados o tempo todo pelo relógio, pelo dinheiro, pela moda...

Temos que aceitar as diferenças e entendê-las como necessárias. Encher os pulmões de ar e sentir a vida, o agora, viver o presente. Unir o corpo e a mente que está acostumada a transitar ou no passado, ou no futuro.


Termino me perguntando como as pessoas viviam sem (tanta) informação para processar?

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